14 de fevereiro de 2022
Como demitir um funcionário é uma das grandes dúvidas de qualquer dono de empresa. Por mais que o empresário esteja seguro de sua decisão, não há como evitar se sentir despreparado para a tarefa. Apesar disso, existem processos que ajudam a garantir uma experiência mais tranquila para todos os envolvidos. Aqui você vai encontrar dicas para se preparar para esse momento inevitável na vida de qualquer líder.
Em primeiro lugar, vamos entender a importância de um processo de demissão humanizado. O termo “humanizado” está se tornando cada vez mais popular no mundo dos negócios. Independentemente de ser liderança humanizada, contratação humanizada ou demissão humanizada, o que realmente significa é ter empatia com o outro ser humano presente naquela situação. Inclusive, esse tema ficou em evidência em dezembro de 2021, quando o CEO de uma grande empresa americana demitiu 9% da sua força de trabalho (900 colaboradores) em uma reunião de três minutos de duração, via Zoom.
Mas não é apenas no exterior que as demissões estão sendo malconduzidas. A consultoria Produtive realizou uma pesquisa com mais de 5 mil profissionais, que mostrou que mais da metade dessas pessoas não estavam satisfeitas com a maneira que a demissão aconteceu.
Se você ainda está com dúvidas sobre a importância de saber conduzir uma demissão, abra o LinkedIn e acompanhe os depoimentos sobre o assunto. Os empresários estão mais atentos ao impacto que as demissões podem causar na imagem da empresa. Para te orientar sobre a melhor forma de passar por essa situação difícil, criamos este post. Saiba aqui o que fazer na hora da demissão para garantir uma separação amigável entre as duas partes.
Existem várias razões que levam o dono de empresa a desligar um colaborador. Confira abaixo as três principais:
Quando o funcionário não está entregando as tarefas com a velocidade ou qualidade necessárias para o negócio.
A falta de habilidade técnica (também conhecida por hard skills) é um dos principais motivos de desligamento do colaborador. É importante lembrar que as hard skills podem e devem ser desenvolvidas e que toda função tem um tempo de adaptabilidade. O papel do líder é justamente acompanhar o funcionário e entender se o que está faltando é a dedicação para aprender ou se a pessoa não está apta para o cargo.
Se o colaborador não está alinhado com a cultura da empresa, existe uma grande probabilidade de ele contaminar o resto da equipe.
Lembrando que existem três níveis de engajamento: engajado, desengajado e ativamente desengajado. Confira abaixo:
Por isso é tão importante acompanhar os colaboradores e, por meio de feedback, fazer pequenas correções de rotas quando notar o desalinhamento com a cultura organizacional.
Demitir um funcionário por corte de custos deveria ser a última opção, mas às vezes a situação financeira do negócio leva o dono de empresa a tomar essa decisão.
É complicado escolher qual funcionário desligar quando essa é a razão, por isso você deve avaliar as habilidades técnicas e comportamentais de cada um.
Existem dois tipos de demissão segundo a lei. A demissão por justa causa ou a sem justa causa. Entenda a seguir as diferenças:
A demissão por justa causa é um direito do empregador. Se o colaborador viola alguma regra ou prejudica a empresa de alguma forma, ele perde boa parte dos seus direitos trabalhistas.
Porém, é importante lembrar que quem define o que é uma falha grave é a norma trabalhista que compõe a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e não o dono da empresa.
O desligamento sem justa causa acontece quando nenhuma falha grave foi cometida, mas o empregador ou o empregado querem o fim do contrato de trabalho.
A demissão pode acontecer por inúmeros motivos, como baixo desempenho, falta de fit cultural com a empresa ou redução de custos. E a grande diferença para a demissão por justa causa é que o colaborador vai ter acesso a todos os direitos trabalhistas.
Você também pode conferir o episódio 30 do podcast Empresa Autogerenciável “Como DEMITIR um funcionário” clicando no link abaixo para saber mais detalhes sobre o assunto:
Para facilitar, aqui estão as 5 dicas comentadas no podcast que vão te ajudar a demitir um colaborador da forma certa!
O funcionário ficou surpreso quando foi demitido? Então você falhou como líder e como gestor. Porque antes de chegar o momento de desligar alguém, o líder tem a responsabilidade de conversar, passar feedback, alinhar demandas e explicar as expectativas que a empresa tem. Por isso que existe a frase “surpresa na demissão é falha de gestão”.
Demitir faz parte do papel do líder.
Essa tarefa não deve ser delegada para o RH, o Financeiro ou qualquer outra pessoa que não seja o líder direto do colaborador demitido.
Se o seu time é pequeno, você, como dono da empresa e líder dos demais, precisa exercer o seu papel e comunicar o desligamento para o funcionário.
Se o processo da demissão aconteceu como deveria, a pessoa já vai ter uma ideia do motivo de estar sendo demitida.
Ainda assim, você precisa justificar a sua escolha para o colaborador, pontuando as situações que te levaram a tomar essa decisão. Você pode falar sobre advertências, feedbacks anteriores, anotações sobre comportamentos e habilidades técnicas.
Inclusive, você pode perguntar para a pessoa se ela gostaria de receber um feedback final, em que você se propõe a fazer uma avaliação baseada em dados e fatos sobre a trajetória dela na empresa.
É importante lembrar que o feedback é uma ferramenta que tem como objetivo desenvolver as pessoas e não deve ser vista como algo negativo.
Nesse momento da conversa você também deve explicar os direitos trabalhistas do colaborador e se haverá ou não o cumprimento do aviso prévio. Cada caso é um caso, mas de maneira geral, esses são os direitos do funcionário:
Está em dúvida se o funcionário deve ou não cumprir o aviso prévio? Então confira o episódio 123 do podcast Empresa Autogerenciável “AVISO PRÉVIO NA DEMISSÃO DO COLABORADOR → É vantagem?”.
Não é fácil demitir alguém, mas também não há como escapar dessa situação. Para passar por isso da melhor maneira, você precisa de inteligência emocional para conduzir uma conversa difícil. Mantenha em mente que você tomou essa decisão por uma razão, pelo bem da sua empresa. E lembre-se que a pessoa que está naquele momento com você continua sendo um ser humano.
A demissão humanizada nada mais é do que mostrar empatia por essa pessoa. Não altere a voz, esteja disposto a escutar o que ela tem para falar e se atenha a fatos e dados na hora de explicar o motivo do desligamento.Ter estômago é isso: se concentrar na tarefa que precisa ser realizada com inteligência emocional, mesmo que a situação seja difícil e constrangedora.
Precisa de ajuda para enfrentar uma conversa difícil? Assista o episódio 74 do podcast Empresa Autogerenciável “Conversas difíceis com os colaboradores com Samanta Luchini”
Aproveitando que o assunto é conversas difíceis, lembre-se que você também vai precisar conversar com o restante do time para explicar a situação. Dar detalhes sobre o que te levou a tomar essa decisão é uma escolha sua. Mas independentemente disso, você deve comunicar a equipe que tal pessoa não é mais um colaborador da empresa.
Agora que você compreende melhor como demitir um funcionário e qual é o papel do líder nessa situação, aproveite para continuar estudando e procurando novas maneiras para garantir que todos os envolvidos estejam alinhados com os objetivos da sua empresa.